Citibank - O Grande Roubo de
Ouro
LARRY ROMANOFF • AUGUST 11, 2020
Nas
suas promoções na China, o Citibank orgulha-se de ter sido estabelecido pela
primeira vez na China, em 1902, testemunhando a sua devoção à China ao exibir
uma foto da moeda emitida na China pelo National City Bank de Nova York. Mas
depois, de 1902 até à trepidante reentrada do Citi na calmaria de Shenzhen, na
China, no final da década de 1980, não houve nada. Especificamente, não há
informações sobre as actividades do Citi durante este período, além dos nomes
de uma dúzia de cidades com filiais e uma declaração abafada de que o Citibank
deixou a China "por causa da guerra". Durante este período, temos
apenas silêncio. Não só silêncio, mas uma estranha falta de declarações escritas.
Na verdade, a Internet, pelo menos as partes que podem ser controladas, foram
totalmente higienizadas. Segundo a comunicação mediática e os arquivos
históricos de todo o mundo, o Citibank não existiu na China desde 1902 até
1949, ou seja, desde o dia em que chegou até ao dia em que partiu. Em breve
saberemos por quê.
No
início da década de 1900, na maioria dos países, os bancos centrais dos
governos não emitiam moeda, deixando essa tarefa para os vários bancos
licenciados, cada um dos quais tinha permissão para emitir quantias ilimitadas
de moeda, desde que tivesse garantia suficiente em ouro ou prata para
corresponder ao volume de papel-moeda impresso. E em muitos países, o
papel-moeda de muitos bancos circulava simultaneamente e era livremente
intercambiável e aceite como dinheiro baseado na certeza de ser apoiado pelo metal precioso. Esta condição também era uma realidade na China e os bancos
chineses e estrangeiros emitiam as suas versões de papel-moeda.
No
caso do Citibank ou, mais correctamente, do National City Bank de Nova York, foi-lhe
concedida permissão para abrir filiais em Shanghai e emitir papel-moeda
fundamentado na exigência de estar apoiado pelo mesmo valor em metal precioso,
estipulação a que o Citi obedecia. (1) Mas, depois, com a ausência de controlo
devido à presença do Japão e à interferência perturbadora das potências
ocidentais na China, o Citi tornou-se ambicioso e expandiu a sua rede de
agências em quatorze cidades diferentes - sem permissão - e começou a emitir
quantias ilimitadas de moeda em todas elas, mas sem essas quantias estarem
apoiadas pelo mesmo valor em ouro ou prata. O Citi estava à beira da falência
na época e não tinha mais activos para comprometer, então o banco começou, simplesmente,
a imprimir e a emitir moeda chinesa sem qualquer apoio de metais preciosos,
baseado na suposição de que seria aceite pela população. (2) Era um verdadeiro “suitcase
banking”, visto que eram simplesmente bancos de fachada ilegais, sem activos e sem
evidência de capital registado. Não consegui encontrar nenhum registo
definitivo da quantidade total de moeda falsa emitida pelo Citi, mas certamente
teria sido na ordem de dezenas de biliões de dólares, contribuindo fortemente
para a inflação na China e produzindo enormes lucros criminosos para o banco.
Mas
houve muito mais, dado que os proprietários do Citibank elaboram e levaram a
cabo o que foi talvez o maior roubo fraudulento de toda a História da China,
durante de 5.000 anos. O Citi não estava satisfeito com os lucros da venda de papel-moeda
e, por esse motivo, concebeu um esquema para se apoderar do ouro das famílias
chinesas, ouro que era mantido pela maioria dos cidadãos como sendo uma forma
tradicional de poupança. O banco deu início a uma campanha amplamente promovida
destinada a encorajar todos os chineses a trazer as suas barras de ouro para o
Citibank e armazená-lo nos cofres desse mesmo banco, por razões de segurança. Todos os
cidadãos receberiam certificados de ouro em papel como prova dos seus
depósitos, certificados que poderiam ser resgatados a qualquer momento em ouro verddadeiro. (3) O governo chinês fez grandes esforços para desencorajar a
participação dos cidadãos nesse programa, pois já tinha ficado bem claro que os
estrangeiros não eram dignos de confiança.
Infelizmente,
muitos chineses escolheram ignorar estes avisos e entregaram com
confiança as suas barras de ouro ao National City Bank de Nova York para
ficarem protegidas. Mas, um dia, quando os cofres estavam a transbordar e
surgiu o aviso de perigo eminente, os nossos banqueiros mudaram de ideia. Transferiram
todo o ouro que estava guardado nos seus cofres para embarcações militares dos
EUA e enviaram tudo para casa, em Nova York. Depois o Citibank fechou as
portas, disse "Adeus, China" e regressou ao seu país. De acordo
com relatórios que vi, este ouro acabou por ser entregue ao FED dos EUA. O
leitor deve recordar que, na década de 1970, o FED repentinamente e sem motivo
aparente, decidiu fundir novamente todas as suas reservas de ouro e transformá-las
em lingotes de vários formatos. Os funcionários do FED nunca foram capazes de
explicar o motivo de um empreendimento tão caro e de longo alcance, mas um
resultado óbvio seria destruir para sempre as marcas da origem de todas aquelas
barras, evitando qualquer futura reivindicação de propriedade.
Curiosamente,
os militares japoneses que ocupavam a cidade foram capazes de confirmar esta
sequência de acontecimentos, que foi relatada pelo New York Times, tendo suspeitado do processo e iniciado o hábito de
inspeccionar os navios de guerra dos EUA antes de partirem de Shanghai e, em
mais de um caso, dando ordens aos Americanos para descarregarem o ouro, parte
dele aparentemente "pertencente" aos bancos Morgan e Chase. Mas
parece que a maior parte conseguiu escapar, e mais uma vez o total estava, de
certeza, na casa das dezenas de biliões de dólares - e isso aconteceu na década
de 1940. Dados os casos comprovados e as estimativas moderadas daquilo que
restou, é bastante claro que o Citibank deve aos cidadãos chineses muito mais
do que todo o valor do capital actual desse banco.
De
acordo com relatos da época da evacuação do Citi, muitas pessoas trouxeram os seus
certificados de ouro para resgatá-los na agência do banco, em Shanghai, mas
foram impedidos pelos funcionários bancários e encontraram avisos a informar
que todos os negócios do Citibank tinham sido liquidados e que os cidadãos
deveriam consultar o Banco da China. Mais tarde, tornou-se visível que o Citi preparava
a sua retirada da China, já há muito tempo, não tendo deixado praticamente nenhuma prova
de nada nos seus escritórios, tendo suprimido ou destruído todas as provas de
todos os acontecimentos de mais de 40 anos da sua história criminosa na China.
Também a partir do registo histórico, torna-se evidente que o Citibank estava
em apuros durante este período, tendo perdido os seus activos em Cuba e na
América do Sul, na Rússia após a revolução e nos Estados Unidos durante a
depressão e, portanto, estava prestes a falir. Vários livros referiram este
período, um publicado pela Universidade de Harvard (4) (5) afirmando que o
desenvolvimento milagroso do Citibank foi inteiramente devido à sua
"rápida aquisição de activos" na China. Alguns autores documentaram
os activos do Citi na China em cerca de 30 biliões de yuans no Norte da China e
outros mais de 10 biliões no Sul, tendo esses 'activos adquiridos' sido
transferidos para os EUA.
Naturalmente,
há ainda hoje muitos chineses com toda a documentação histórica intacta que
querem recuperar o seu ouro depositado no Citibank. Vários grupos de chineses
contrataram advogados, quer na China, quer nos Estados Unidos, na tentativa de
apresentar as suas acções judiciais devidamente documentadas a vários tribunais
e, com a mesma naturalidade, o Citibank faz tudo ao seu alcance para evitar que
tais reivindicações sejam ouvidas em qualquer tribunal, em qualquer lugar. Na
China, a defesa do Citi é que esse banco funcionava como uma entidade legal
diferente - o National City Bank de Nova York - e, portanto, não pode ser
processado na China, uma vez que essa entidade já não existe. No entanto, a acção
judicial seria admissível nos Estados Unidos, uma vez que o Citi é considerado
descendente legal do banco anterior. Um grupo, em particular, apresentou todas
as provas de apoio para documentar uma acção judicial contra o Citibank de 250
milhões de dólares. Finalmente, um tribunal de Nova York concordou admitir e
ouvir o caso desses requerentes chineses, com a estranha estipulação de que
cada um desses requisitantes teria de comparecer pessoalmente nos tribunais dos
Estados Unidos, para prestar o seu testemunho. (6) (7) (8) (9)
Nenhum problema até agora. (10) Mas quando esses queixosos chineses compareceram nos consulados americanos na China para obter os vistos de viagem, o Departamento de Estado dos EUA recusou-se a aceitar qualquer um dos pedidos e negou todos os vistos de viagem aos EUA. Os americanos recusaram-se a oferecer qualquer explicação, mas nós realmente não precisamos de nenhuma, será que precisamos? Sem visto de viagem, sem comparecimento num tribunal dos EUA, sem julgamento, sem reembolso de biliões em ouro pelo Citibank. Quando os funcionários do Departamento de Estado dos EUA zombaram dessas pessoas chineses dizendo-lhes para "empreenderem as suas acções judiciais na China", não foi útil nem apreciado, pois sabiam muito bem que o mesmo não poderia ser feito. Não há muito a fazer, mas não vamos ouvir mais histórias sobre a independência do poder judicial dos EUA, ou contos ideológicos sobre o Estado de Direito. Claro que, até os advogados americanos disseram que as acções do Consulado dos EUA em Shenyang (ao recusar os vistos) eram ilegais, mas na China os funcionários do Consulado têm imunidade diplomática e não podem ser acusados ou forçados a comparecer em tribunal.
Houve
outras situações complicadas. Um requerente, Shao Lianhua, teve sérias
dificuldades em encontrar um advogado americano que tomasse conta do seu caso,
alegando que os advogados americanos trataram a sua situação com desprezo, declarando
abertamente que não ajudariam nenhum chinês a extorquir dinheiro dos EUA. A
dada altura, quando Shao estava hospedado num hotel de Los Angeles, dois polícias
fortemente armados entraram no seu quarto e exigiram uma busca aos seus
pertences - ilegal se acordo com a lei dos EUA, sem um mandado de busca ou com o
consentimento expresso da vítima, pois não tinham nenhum deles. Contudo, a polícia
deixou claro que estava à procura dos certificados de ouro de Shao, que ele
apresentaria em tribunal no dia seguinte. Felizmente, Shao teve a precaução de
esconder os certificados suficientemente bem para que a polícia não conseguisse
encontrá-los. No entanto, igualmente incapaz de impedir a busca, Shao chamou o seu
advogado e, após algumas discussões prolongadas, a polícia foi embora. Mas eles
não eram polícias. A partir dos cartões e fotos, os advogados identificaram-nos
como Agentes Secretos do Tesouro dos Estados Unidos. (11) Podemos perguntar
legitimamente por que motivo, o Tesouro dos Estados Unidos, agindo às ordens da
Casa Branca, enviaria agentes armados para realizar uma busca ilegal com o
único propósito de confiscar as provas essenciais da fraude do Citibank.
Hoje, muitos chineses ainda reclamam o seu ouro ao Citibank e, finalmente, estão a exigir cada vez mais que, o Governo Central da China os ajude no seu esforço, talvez alterando as leis para se igualarem às dos EUA permitindo, assim, que o Citibank seja processado na China. (12) (13)
Notas
(1) Reference 1.jpg
(2) Reference 2.jpg
(2) Reference 3.jpg
(4) https://www.amazon.com/Citibank-1812-1970-Harvard-Studies-Business/dp/0674131754
(5) https://www.goodreads.com/book/show/5545673-citibank-1812-1970
(6) Reference 6.jpg
(7) Reference 7.jpg
(8) Reference 8.jpg
(9) Reference 9.jpg
(10) Reference10.jpg
(11) Reference11.jpg
(12) http://news.cri.cn/gb/41/2004/03/31/107@114806.htm
(13) http://www.szhgh.com/Article/opinion/zatan/201401/42389.html
Larry Romanoff, consultor de administração e empresário
aposentado. Ocupou cargos executivos especializados em empresas de consultoria
internacionais e possuía uma empresa internacional de importação e exportação.
Professor Visitante da Universidade Fudan de Shangai, apresenta estudos de
casos em assuntos internacionais a executivos
especializados. Romanoff reside em Shanghai e, actualmente, está a
escrever uma série de dez livros, relacionados, de um modo geral, com a China e
com o Ocidente. É um dos autores que contribuíram para a nova antologia
COVID-19 de Cynthia McKinney, "When
China Sneezes". Pode ser contactado através do email: 2186604556@qq.com.
A fonte original deste artigo é Moon
of Shanghai
Copyright © Larry Romanoff, Moon of Shanghai, 2020
Tradutora: Maria Luísa de Vasconcellos
Email: luisavasconcellos2012@gmail.com
Website: Moon
of Shanghai