Propaganda e Meios de Comunicação Social -- Parte 2
Enganar em Larga Escala -- 16 de Maio de 2021
Larry Romanoff para The SakerBlog, May16, 2021
Traduzido em exclusivo para a página PT do PRAVDA
CHINESE
ENGLISH
PORTUGUESE SPANISH
Grande parte da atenção dos meios de comunicação social
norte-americanos dirigida à China não está relacionada, de maneira nenhuma com
notícias, mas faz parte de um extenso programa de propaganda concebido para
infligir um enorme desconforto ao
governo chinês, utilizando a pressão política dos meios de comunicação social
na tentativa de forçar a China a aceitar os interesses políticos e comerciais
norte-americanos e europeus. É feito, frequentemente, na tentativa de atenuar a
condenação de crimes empresariais (especialmente dos executivos de empresas,
que estão potencialmente imunes a processos criminais nos EUA), ou para ajudar
uma multinacional americana (ou europeia) a destruir as leis de consumo e de
segurança alimentar de outros países. Este procedimento não se limita à China;
uma obstrução mediática tão intensa pode ocorrer contra os melhores amigos,
incluindo o Canadá, a Alemanha, a França e o Reino Unido.
O ponto importante desta questão é que uma inundação dos
meios da comunicação social não acontece por acidente. Estas circunstâncias são
criadas através de planificação, por meio de reuniões, discussões e estratégias
organizadas para criar o maior desconforto e pressão política e quase
certamente irão envolver a empresa, muitos membros dos meios de comunicação
social, o Departamento de Comércio dos EUA e, habitualmente, as agências de
inteligência/serviços secretos.
Estas pessoas são peritas em montar uma campanha dos
meios de comunicação de massa para apresentar a sua versão colorida dos
acontecimentos ao Tribunal da Opinião Pública, esperando criar pressão nacional
e estrangeira suficiente a fim de influenciar a posição de um governo
estrangeiro sobre questões políticas, sociais e comerciais. As agências de
serviços secretos farão a sua parte, pagando altamente por artigos de jornais
nacionais se os conseguirem arranjar, e inundando os meios de comunicação
social de um país (a China, neste caso) com marionetas da CIA que alegam ser
nativas chinesas e que se colocam ao lado da posição da empresa estrangeira
contra o seu próprio governo. Este é o motivo principal pelo qual o Twitter e o
Facebook estão proibidos na China.
A mordidela da maçã de Pequim
Resumidamente, a situação era que a Apple oferecia
garantias fora dos EUA que eram muito inferiores às dos seus próprios países,
atraindo críticas da maioria dos governos da Europa e da Ásia. A lei de consumo
chinesa, como a das nações europeias, classificou o ipad da Apple como um
computador e exigiu uma garantia de 2 anos. A Apple, sendo demasiado gananciosa
para o seu próprio bem, recusou, insistindo que o ipad era um telefone e
fornecendo apenas uma garantia de um ano. Assim, uma enorme quantidade de ruído
dos meios de comunicação social atacou a China e os seus regulamentos e muito
mais, em tentativas de criar uma situção suficientemente desagradável para que
o governo recuasse e permitisse à Apple continuar a pilhar os consumidores
chineses à sua vontade. Um segundo objectivo primordial foi o de ensinar os
chineses a olharem com receio para os "interesses dos EUA" antes de
se lançarem a promulgar quaisquer leis de protecção do consumidor mais
rigorosas do que as dos EUA.
Na vida real, nem o NYT
nem o WSJ se poderiam importar com os
regulamentos da China sobre a garantia dos computadores, mas quando a Apple, a
querida da bolsa de valores dos EUA, está a ter dificuldades em pilhar os
consumidores chineses à sua vontade, o NYT
e o WSJ estão sempre presentes para
dar uma mãozinha. E vocês, caros leitores, são induzidos a detestar os chineses
por serem irracionais e "implicar" com a Apple porque são ditadores
comunistas que odeiam as vossas liberdades. Além do mais, os mestres da
propaganda afirmaram amplamente que o governo chinês, invejoso do sucesso da
Apple, queria aleijar a Apple para dar espaço de respiração e apoio aos
"campeões nacionais" da China. (1)
(2)
(3)
Toda a série de reportagens dos meio de comunicação americanos sobre a Apple na
China eram propaganda política e comercial destinada a:
(a) isolar as empresas americanas das leis estrangeiras,
e
(b) criar pressão pública suficiente para assegurar que
um governo estrangeiro concebesse as suas leis internas para agradar aos
americanos.
Alibaba - Quase Tão Grande como a China
No início de 2021 tivemos uma série de artigos sobre a
colisão infeliz da Alibaba com as autoridades financeiras chinesas, resultando
no cancelamento do iminente IPO da empresa e no facto de Jack Ma ter sido
fortemente retido (de facto, esbofeteado). (4)
Os meios de comunicação norte-americanos foram unânimes em afirmar que a China
estava a restringir severamente as actividades das "empresas
tecnológicas" (uma vez que Alibaba é amplamente vista como tal), mas não
era a Alibaba que estava a ser aproveitada. A Jack Ma's Ant Financial estava a
ser enormemente expandida para tornar-se numa instituição bancária online,
escondida entre as páginas de uma empresa de TI, contornando assim todas as
regulamentações financeiras e bancárias do país. Isto seria o mesmo como se o
EBay ou a Amazon abrissem subitamente o maior banco de retalho dos EUA,
enquanto hasteavam a bandeira de um mercado de bens de consumo, sujeito apenas
a essas leis e regulamentos.
Os meios de comunicação estavam cheios de referências de
que a China estava "a apertar os parafusos aos campeões tecnológicos do
país" com "uma repressão regulamentar no sector da Internet",
mas foi a indústria financeira, e não a tecnológica, que as autoridades moveram
para regulamentar. Meios de comunicação como o NYT e o WSJ saberiam
disso, e não teriam qualquer razão para enterrar esta informação para os seus
próprios fins, o que significa que alguém os instruiu sobre como enquadrar a história da China a
restringir as empresas tecnológicas.
Os abutres financeiros americanos tinham pressionado
fortemente a China para abrir o seu sector financeiro, e a pequena inundação de
artigos sobre a Alibaba destinava-se a exercer pressão política sobre a China
para não limitar as ambições americanas de pilhar a economia da China, como o
fizeram tão livremente nos EUA. Mais uma vez, nem o NYT nem o WSJ poderiam
dar tão pouca importância à Alibaba ou ao sector financeiro da China, mas
quando os seus amigos se quiserem mudar para a China e estiverem preocupados
com regulamentos que possam minar a sua ganância, os editores dos meios de
comunicação social e os colunistas norte-americanos responderão ao apelo. O que
significa que a Alibaba era irrelevante em tudo o que leu sobre a empresa
Alibaba; a inundação mediática era um aviso político à China para não aplicar
os seus regulamentos financeiros às empresas predadoras americanas.
Mas este esquema pode ser jogado por ambas as partes. Os
meios de comunicação chineses incluíram esta declaração num dos seus artigos:
"Os reguladores chineses convocam as empresas financeiras da Internet, num movimento demonstrativo para que outros
jogadores investiguem [os seus] problemas". (5) Estava também
claramente a ser enviada uma mensagem na outra direcção e, a partir daí, a
inundação dos meios de comunicação social dos EUA cessou rapidamente.
Défices comerciais dos EUA
Até há muito pouco tempo e durante duas décadas, houve
uma enorme quantidade de ruído semanal dos meios da comunicação social
provenientes de Washington, sobre o défice comercial dos EUA em relação à
China, que aumentou para muitas centenas de biliões de dólares por ano, sem
sinais de moderação. O NYT e o WSJ informaram-nos solenemente que este
facto ocorreu porque a China estava a ludibriar a taxa de câmbio da sua moeda, visto
que o RMB estava a ser grosseiramente subvalorizado para tornar as exportações
chinesas competitivas e as importações estrangeiras proibitivamente caras.
Assim, para além das queixas constantes sobre o excedente
comercial da China nos EUA, fomos submetidos ao ruído ininterrupto dos meios da
comunicação social sobre a necessidade da China valorizar a sua moeda
"pelo menos 25% a 40%". Isso parece razoável até descobrirmos as coisas
que eles se esqueceram de vos dizer.
A primeira é que o último excedente comercial dos EUA foi
em 1975, tendo os EUA mantido défices comerciais anuais durante 46 anos
consecutivos com uma lista de países que aumentou para mais de 100. (6) (7) (8) Consideramos que
todos esses países estão a reduzir as suas taxas de câmbio? Claro que não. A
razão pela qual os EUA têm um défice comercial é porque o país se desindustrializou
de tal forma que já não faz nada que alguém queira comprar. A China é
irrelevante neste quadro. Se os EUA não comprassem à China, teriam de comprar a
outra pessoa, mas o défice permaneceria. E quanto às moedas, a China tem
défices comerciais com muitos outros países - cujas moedas comerciam livremente
- o que significa que as taxas de câmbio mundiais são também irrelevantes para
o problema.
Agora sabemos algo que não sabíamos antes, e agora
podemos identificar esta "notícia" económica como a propaganda que
ela é, e podemos também determinar o seu objectivo: a paralisação da economia
da China. Mencionei na Parte 1 desta série, o Plaza Accord que foi
forçado ao Japão, o qual, sendo uma colónia americana, não teve outra
alternativa senão aceitar. Nesse caso, o iene acabou por ser revalorizado em
cerca de 300%, deixando o Japão afectado permanentemente. E, como afirmei, este
era o plano a ser imposto à China; a enorme ofensiva mediática durante 2
décadas por parte dos EUA, foi uma tentativa de forçar os dirigentes chineses a
cometer um suicídio económico. Felizmente, eles recusaram.
É importante compreender que esta situação prolongada não
era o reflexo da realidade. Não era como se eu dissesse: "Esta é a 76ª vez
que tenho de vos falar sobre o vosso gato andar a escavar no meu roseiral".
Não havia 'notícias', nenhum 'acontecimento', e o ruído dos meios de
comunicação social não estava relacionado com o comércio ou com défices ou com
valores monetários; era um plano a longo prazo para criar pressão mundial
suficiente para fazer ruir a economia da China, forçando uma revalorização
injustificada. Deveria ser óbvio que tal programa, em vigor durante 20 anos,
não era algo que acontecesse por acaso. Fez parte de uma estratégia global para
"derrubar a China", como o Embaixador
dos EUA na China, Jon Huntsman, afirmou frequentemente.
Durante essas duas décadas, os editores e os colunistas
dos principais meios de comunicação social dos EUA teriam estado em contacto
regular e frequente com a FED dos EUA, com os Departamentos do Comércio e do
Tesouro, com o Conselho de Consultores Económicos, com a OMB (Office of
Management and Budget), com a Agência Nacional de Segurança e, novamente,com
agências de serviços secretos certamente com a CIA e com a ANS. Também teria
sido necessário recrutar colunistas específicos – tal como Paul Krugman do NYT - para carregar a tocha e assumir a
liderança nesta guerra de propaganda.
De facto, os meios
de comunicação social funcionam como o microfone do Departamento de Estado dos
EUA, parceiros de pleno direito para delinear campanhas de propaganda destinadas
atingir objectivos de política externa.
Toda esta inundação dos meios de comunicação social era
100% propaganda política, de natureza geopolítica, destinada à destruição de
uma nação em particular. O leitor pode imaginar a determinação quase selvagem
de continuar esta estratégia durante mais de duas décadas antes de capitularem.
E teve o efeito secundário benéfico de ensinar as pessoas de todos os países a
"odiar a China por fazer batota".
Criminosos com necessidade de protecção
Poucas pessoas sabem que todas as fraudes de consumo
praticadas na China durante os últimos dez anos, excepto uma, foram cometidas
por empresas estrangeiras, na sua maioria americanas, com os meios de
comunicação social norte-americanos (e com a AMCHAM – American Chamber of Commerce na China) em todos os casos,
fazendo o seu melhor para proteger os criminosos de processos judiciais,
confiando na propaganda pública para inibirem as autoridades chinesas de
cumprirem o seu dever. É quase cómico que cada vez que uma empresa americana é
acusada de uma fraude maciça na China, a AmCham publica um relatório
informando-nos de que as empresas estrangeiras se sentem subitamente
"menos bem-vindas" na China, devidamente denunciado em pormenor pela Bloomberg (9), enquanto que o WSJ lamenta que "a repressão da
China sobre preços de monopólio e sobre corrupção . . . visa injustamente as
empresas estrangeiras". (10)
OSI
Num desses casos, em 2014, o gigante americano da
agricultura alimentar OSI na China (American food-processing company OSI Group
LLC) foi denunciado por reembalar carne suja e cujo prazo de validade tinha
caducado, em quantidades enormes, a uma escala maciça durante muitos anos,
completada com dois conjuntos de livros de registos para enganar as
autoridades. Os funcionários da empresa tentaram desesperadamente bloquear a
investigação, recusando a entrada na fábrica à autoridade alimentar e
farmacêutica de Shanghai durante um período suficientemente longo para destruir
provas. As autoridades tiveram de confiscar e destruir milhões de quilos de
carne deteriorada e suja, num escândalo que acabaria por abarcar toda a China.
A FDA de Shanghai produziu mais de 5.000 caixas de
McDonald's Chicken McNuggets, bifes de porco e bifes de vaca que estavam todos
fora de prazo e com môfo. O vídeo televisivo mostrou empregados a misturar
carne com prazo de validade ultrpassado
e carne fresca em novas embalagens e a dizer, que se os seus clientes soubessem
o que estavam a fazer, a empresa perderia os seus contratos. Isto não foi uma
coisa pequena: as autoridades sanitárias chinesas designaram quase 900
investigadores para inspeccionar as múltiplas instalações da empresa antes que
todas as provas pudessem ser destruídas.
É claro que todos ficaram "muito chocados" com
as notícias, os meios de comunicação social dos EUA a dar a notícia de que Sheldon Lavin, CEO do OSI Group,
descreveu o escândalo como "inaceitável" e "terrivelmente
errado", e iria assegurar que “erros” desses nunca mais acontecessem. O New York Times culpou as vítimas e os
fornecedores, atribuindo toda a trama criminosa aos "elos fracos da cadeia
alimentar da China". (11) O NYT também declarou que a OSI
"estava a suspender as operações" e que "iria fiscalizar todas as suas
fábricas na China" - depois das autoridades já as terem encerrado e prendido
os executivos. E, claro, em vez de condenar os criminosos (americanos) pelos
seus crimes, o NYT transformou a
história à sua maneira, noticiando "A segurança alimentar na China
enfrenta grandes obstáculos". (12) Houve também uma
camada protectora de desafio na tentativa de criar pressão política para
mitigar os danos, declarando que o facto do governo de Shanghai "definir [os
produtos OSI] como 'questionáveis' ... não tinha qualquer fundamento factual,
científico ou legal". Nem por isso, mas foi uma boa tentativa.
Burlar o
consumidor? Então faça-o!
No final de 2011, a Nike aurorizou um esquema de
publicidade enganosa na China. Na altura, a nova sapatilha desportiva da Nike
tinha-se tornado no mais recente artigo "altamente cobiçado" pelas
crianças. Uma característica principal da publicidade da Nike era que a
sapatilha tinha duas almofadas de ar, para proporcionar absorção de choques. A
sapatilha, que creio ter sido feita na China, tinha um preço nos EUA de 700 RMB
($125), enquanto o preço na China era de 1.300 RMB (mais de $200). A Nike fez
uma forte propaganda do produto na China como sendo o artigo original; no
entanto, a empresa fez uma versão muito mais barata da sapatilha para ser
vendida na China. Os consumidores chineses perceberm a fraude muito rapidamente
e reportaram o assunto às autoridades, a SAIC da China acabou por cobrar uma
multa de quase 1 milhão de dólares e obrigou a Nike a reembolsar o preço total
da compra a todos os clientes. Curiosamente, a Nike repetiu esta mesma burla
alguns anos mais tarde, não tendo aprendido visivelmente nada, com a
experiência da primeira vez.
Estou a usar um pouco mais de espaço do que este
acontecimento justificaria porque a Nike não só tinha o apoio dos meios de comunicação
social americanos,como também de um advogado americano chamado Stan Abrams (13) (14) que aparece
frequentemente no lado criminoso do livro do consumidor da China, para dar
crédito à narrativa de propaganda dos meios de comunicação social. Ao defender
a burla ao consumidor da Nike na China, ele efectuou outra.
Começou por afirmar: "Aqui há duas questões: a
disparidade de preço e a qualidade e características do produto". Não,
Stan. "Preço diferencial" é um hambúrguer a $2,40 num local e $2,50
noutro. E as "características do produto" têm pouco valor, uma vez
que a questão foi a publicidade fraudulenta.
Abrams escreveu "claro que os consumidores têm o
direito de reclamar . . . assumindo que estas almofadas de ar são completamente
funcionais e significam qualquer coisa. (Duvido.)". Portanto, se o meu concessionário
Mercedes me garantir que os bancos do carro são de couro mas se eu provar serem
de plástico, não me devo queixar, uma vez que o couro não é funcional e, de
qualquer forma, não significa nada. Suponho que o mesmo se aplica quando Abrams
se vê incapaz de consumar o seu casamento. Ele poderia simplesmente dizer à sua
nova noiva decepcionada que a característica em falta "não estava
funcional, de maneira nenhuma", e não teria significado nada, mesmo que
tivesse sido usada.
O nosso advogado demasiado inteligente continua: "É
ilegal ter um produto no estrangeiro que tenha uma almofada de ar e outro aqui
que venda apenas com uma? Absurdo. É claro que isso não é uma questão legal. É
natural que as empresas tenham a liberdade de vender produtos em mercados
diferentes que não sejam idênticos". Os comentários de Abrams são
absolutamente verdadeiros, mas irrelevantes. A questão não são as
características diferentes dos produtos, mas sim a publicidade de
características que não existem. Chamamos a isso burlar o consumidor. Qual é a
opinião de Abrams sobre tudo isto? "Então temos publicidade falsa, fraude
potencial, lei da publicidade, violações da lei do consumidor, blá blá blá blá
. . . Deve ser garantido aos consumidores chineses o preço global mais baixo
para qualquer produto de consumo? Se uma característica do produto é oferecida
a um consumidor em qualquer parte do mundo ... a empresa [deve] oferecer essa
característica também na China? Isto parece uma loucura, mas talvez me esteja a
escapar algo aqui". Tentativas baratas de um homem que detêm o microfone,
para envergonhar os jovens chineses que não gostam de ser enganados.
Tenho uma segunda razão importante para a duração deste
segmento: os acontecimentos que devem ter acontecido antes desta fraude. Uma
fábrica de calçado é um local espaçoso, com linhas de produção e montagem
geralmente criadas apenas para um desenho do produto. A Nike teria de criar uma
nova concepção e especificações de fábrica, bem como construir uma nova linha
de montagem para fabricar a versão chinesa de baixo padrão desta sapatilha. Mas
o Departamento de Marketing da Nike não desenharia e fabricaria silenciosamente
uma versão de baixo padrão de um produto popular e planearia deturpá-la
fraudulentamente sem o conhecimento e a aquiescência do CEO, devido às
repercussões legais potencialmente graves para a empresa e à ameaça óbvia ao
seu emprego. E isto significa que a direcção de topo da Nike, muito provavelmente
incluindo o Conselho da Administração, partilhou a decisão prévia de fazer uma
cópia abaixo das normas de um produto e impingi-lo fraudulentamente aos
chineses como um original, partindo do princípio de que os clientes seriam
demasiado pouco sofisticados para saber o que compraram, ou demasiado mansos
para se queixarem. E isso constitui uma fraude executiva ao mais alto nível.
No caso de ainda se sentir tentado a pensar que esta
poderia ter sido a primeira vez que tal coisa aconteceu com a Nike, eis uma
citação de Charlie Denson, Presidente da marca Nike, numa conferência
telefónica com analistas financeiros:
"O consumidor [chinês] está a tornar-se mais
perspicaz e sofisticado ... criando desafios a curto prazo para os retalhistas.
É uma evolução natural que temos visto
em muitos mercados, por essa razão não nos surpreendemos". (15)
Os meios de comunicação social americanos apoiaram
totalmente a Nike, o WSJ dizendo-nos
que só foram vendidos 300 pares destas sapatilhas "com uma descrição
errada do produto" (16), o que constitui
realmente uma tempestade num copo de água, por uma multa tão grande de 5
milhões de RMB e reembolsos obrigatórios.
GSK
Não há muito tempo, a empresa farmacêutica GSK (GlaxoSmithKline)
esteve envolvida numa das maiores fraudes de sempre na China, com subornos,
pagamentos, contabilidade falsa, envolvendo, pelo menos, meio bilião de
dólares. (17) (18)
Após a sua descoberta, Mark Reilly, o Presidente
da empresa na China, estava a bordo do primeiro avião prestes a sair do
país para Inglaterra, "numa viagem de negócios previamente planeada",
"para ajudar na investigação a partir desse local".
Os meios de comunicação britânicos defenderam
obedientemente a narrativa de propaganda de que não era culpa da empresa, que a
própria GSK foi "vítima" da burla cometida pelos funcionários
chineses dessa empresa, que incluiu supostamente subornar médicos com favores
sexuais e com meio bilião de dólares de dinheiro da empresa que, durante anos
ninguém percebeu que tinham desaparecido. (19)
Tem havido muitas destas burlas estrangeiras na China e,
em cada caso, a máquina de propaganda fez horas extraordinárias para condenar
as autoridades chinesas por tê-las eliminado. Num caso enorme que envolveu a
indústria automóvel estrangeira numa conivência de fixação maciça de preços, os
meios de comunicação social informaram-nos que as empresas estrangeiras eram
"vítimas de um novo ataque dos meios de comunicação social estatais a marcas
automóveis estrangeiras". O mesmo aconteceu com empresas estrangeiras de
leite para bebés ou alimentos estrangeiros ou telemóveis. Em todos os casos
vimos uma pequena inundação de propaganda norte-americana a denunciar o governo
chinês de lançar "um ataque" a empresas estrangeiras, e a
negligenciar inteiramente a criminalidade envolvida e sempre com o mesmo
objectivo de pressionar o governo chinês a lidar com delicadeza com as
corporações criminosas americanas.
Temos visto inundações dos meios de comunicação social a
defender uma longa lista de corporções cujas empresas criminosas foram
denunciadas. Todas elas são propaganda destinada a pressionar os governos estrangeiros
a tratar com brandura as empresas americanas (e algumas europeias), mesmo
perante casos de actividade criminosa grave e em larga escala. Há outros dois
casos para os quais eu gostaria de chamar a vossa atenção, um envolvendo a
Coca-Cola e espionagem, outro referente
à compilação ilegal de dados relativos à produção petrolífera da China. Ambos
são de imensa importância e form abordados num artigo anterior. (20) Ambos foram
expostos a grandes inundações de propaganda dos meios de comunicação e mesmo de
intervenção consular na tentativa de atenuar as consequências.
É importante ter em mente que 'os meios de comunicação
social' não são um objecto amorfo e inanimado, mas um grupo de pessoas reais,
com nomes, que planeiam, orientam e conduzem estas campanhas de propaganda.
Tive encontros com alguns destes 'repórteres' e 'colunistas'. Muitos deles
classificam-se como criminosos, actuando como homens de fachada de um
empreendimento criminoso, usando o seu poder público para proteger e defender
aqueles que deveriam ser presos e destruir qualquer um que se interponha no seu
caminho.
Projecto Censurado?
Engarrafamento de
Coca-Cola e derrame de sangue
Contrariamente a escutar muito ruído mediático sobre um
tema, por vezes, temos apenas um silêncio ensurdecedor que é igualmente uma
garantia de propaganda, desta vez sob a forma de censura. Quando todos os meios
de comunicação social ocidentais não têm, unanimemente, qualquer comentário
sobre um tema actual importante, podemos ter a certeza de que muito aconteceu
nos bastidores para garantir este resultado.
Há alguns anos, a América Latina estava quase em pé de guerra,
dado o facto de que, praticamente, todos os líderes sindicais que tentavam
sindicalizar uma fábrica de engarrafamento da Coca-Cola terem sido repentinamente
encontrados mortos, provas que apoiam a tese de que se tratava de quadrilhas
organizadas pelos engarrafadores. A Coca-Cola renunciou assumir a
responsabilidade baseada no facto de que muitas das fábricas de engarrafamento
pertenciam a proprietários locais. As contestações foram totalmente suprimidas
e a renúncia recebeu apenas algumas breves menções nos EUA e em nenhum outro
lugar que eu pudesse descobrir. (21)
De forma semelhante, e mais recentemente, os meios
noticiosos mexicanos produziram uma quantidade barulhenta de histórias de que
os empregados da Coca-Cola tinham votado para formar um sindicato nacional e
que, no dia seguinte, foram todos forçados
a demitir-se, muitos deles, sob ameaça de uma arma. Mais tarde, seriam
recontratados, mas nada de sindicato. Tornei a consultar esses sites no dia
seguinte para mais informação, mas fiquei surpreendido ao descobrir que todo o
panorama mediático mexicano tinha sido limpo. Todos os links anteriores estavam
mortos, nenhum meio de comunicação social (no México ou mesmo em qualquer país
ocidental) continha qualquer referência a este acontecimento, o Facebook e o
Twitter já não tinham quaisquer postagens referentes aos mesmos, e o Google de
repente não fazia ideia de que alguma vez isso tivesse acontecido.
Talvez queira parar, por um momento, e pensar em todas as
pessoas que teriam de estar envolvidas para alcançar tal resultado. Poderá também
perceber que a Coca-Cola Company não tem a capacidade de fazê-lo e interrogar-se
sobre quem assumiu a liderança neste esforço e qual foi a fonte do seu poder
para assegurar a obediência a 100% de tantos meios de comunicação social em
tantas nações. E tão rapidamente.
Vacinas contra a Gravidez
Nesta mesma categoria, foi iniciado há alguns anos um
programa de vacinação sob os auspícios da OMS que esterilizou cerca de 150
milhões de mulheres nos países em desenvolvimento - sem o seu conhecimento e
contra a sua vontade. Em resumo, foi criada uma vacina contra o tétano que
também continha a hormona feminina hCG, essencial para a implantação de um
óvulo fertilizado na parede do útero; a ausência desta hormona resultará
inevitavelmente em abortos espontâneos. Estas vacinas foram realizadas em
muitas nações a pretexto de protecção contra o tétano, mas os receptores
limitaram-se apenas às mulheres em idade fértil, e resultaram imediatamente em inúmeros
relatos de abortos espontâneos, visto que muitas mulheres vacinadas já estavam
grávidas. Os testes das vacinas provaram a presença de hCG. A OMS tentou muitas
negativas e defesas, mas foi remetida ao silêncio devido a provas esmagadoras.
Isto não é teoria da conspiração, mas um facto muito documentado. Investiguei
exaustivamente o assunto e, de facto, a página web da OMS tinha uma lista de
artigos científicos que documentaram exaustivamente como passaram 20 anos e
mais de 400 milhões de dólares para desenvolver uma vacina
"anti-fertilidade" contendo hCG e utilizando como portador, o toxoide
do tétano. Escrevi um artigo pormenorizado sobre este assunto, com documentação
substancial (22). Recomendo que o leiam;
irá mudar a maneira como encaram muitas coisas.
Em termos de propaganda mediática, do lado negativo da
censura, nenhuma das várias centenas dos principais meios de comunicação social
ocidentais fez qualquer referência a este programa ignóbil e trágico. Poderão
interrogar-se novamente sobre quantos indivíduos e em que lugares devem ter
estado envolvidos para assegurar um manto de silêncio tão completo, e qual é a fonte de poder que
permite concretizá-lo.
Numa circunstância quase idêntica, dois destacados
especialistas médicos europeus juraram recentemente que, pelo menos, algumas
das actuais vacinas COVID-19 contêm uma hormona feminina com uma função
semelhante ao hCG e que as vacinas têm o potencial de funcionar como substância
abortiva. (23) (24) Não pesquisei
esta hormona exaustivamente e não posso testemunhar a sua validade, mas posso
oferecer o seguinte:
O Dr. Mike Yeadon, um veterano que permaneceu 17 anos na
unidade de Pesquisa e Desenvolvimento da Pfizer, em Sandwich, Inglaterra, e era
o Director Científico (CSO) de todo o grupo e responsável pelo programa de
investigação respiratória da empresa. No Outono de 2010, a Pfizer perdeu o
interesse e decidiu terminar os seus programas de Alergia e Doenças
Respiratórias, eliminando toda a unidade. Contudo, a Pfizer concordou em
financiar Yeadon na formação de uma nova empresa para continuar esta mesma
pesquisa, entregando a Yeadon todos os activos deste grupo de pesquisa não em
dinheiro, mas em capital próprio, Yeadon levantando então capital privado para
financiar o funcionamento contínuo da nova empresa chamada Ziarco. Esta empresa
tão bem sucedida que, mais tarde, a Novartis acabou por adquirir 100% das
participações em menos de 10 anos, pela quantia referida como sendo mais de 1
bilião de dólares.
O Dr. Wolfgang Wodarg é um médico alemão, especialista
pulmonar e epidemiologista. "Tanto o Dr. Yeadon como o Dr. Wodarg
declararam categoricamente que a vacina da Pfizer contém uma proteína spike (ou
de ‘pico’) chamada syncytin-1, que é vital para a formação da placenta em
mulheres grávidas, e estavam tão preocupados com os seus efeitos de
esterilização que apresentaram um pedido à EMA, a Agência Europeia de Medicina,
para a suspensão imediata de todos os estudos da vacina contra a SARS CoV 2, em particular as variantes
BioNtech/Pfizer".
Pareceria invulgar que dois epidemiologistas respeitados
internacionalmente, reivindicassem uma proteína spike (de “pico”) inexistente e
prosseguissem com a sua ignorância até ao ponto de solicitarem a um organismo
internacional que cessasse imediatamente a investigação da vacina devido a este
problema totalmente imaginário.
Tenho de afirmar que poderia parecer uma teoria de
conspiração desvairada, sugerir que os poderes que nos querem vacinar também
nos querem esterilizar, e que o fariam no que só poderia ser uma conspiração
monstruosa inventada por Satanás e executada pelos seus lugares tenentes. Mas
estas mesmas pessoas criaram vacinas semelhantes utilizadas pela OMS para o
mesmo fim, um programa demasiado bem documentado para ser negado. Se o fizeram
uma vez, porque não o fariam de novo? Não tenho resposta para vós. Vocês é que
decidem. Mas aqui a questão a salientar é que nenhum destes dois casos foi
sequer mencionado em qualquer parte dos meios de comunicação social ocidentais
- pelo menos em nenhum que eu tenha conseguido encontrar.
*
A obra completa do Snr.
Romanoff está traduzida em 32 idiomas e postada em mais de 150 sites de
notícias e de política de origem estrangeira, em mais de 30 países, bem como em
mais de 100 plataformas em inglês. Larry Romanoff, consultor administrativo e
empresário aposentado, exerceu cargos executivos de responsabilidade em
empresas de consultoria internacionais e foi detentor de uma empresa
internacional de importação e exportação. Exerceu o cargo de Professor
Visitante da Universidade Fudan de Shanghai, ministrando casos de estudo sobre
assuntos internacionais a turmas avançadas de EMBA. O Snr. Romanoff reside em
Shanghai e, de momento, está a escrever uma série de dez livros relacionados
com a China e com o Ocidente. Contribuiu com o segundo capítulo, Lidar com
Demónios, para a nova antologia de Cynthia McKinney, ‘When
China Sneezes’ .
O seu arquivo
completo pode ser consultado em https://www.moonofshanghai.com/ e
http://www.bluemoonofshanghai.com/
Pode ser
contactado através do email: 2186604556@qq.com
Notas
(1) https://www.foreignpolicyjournal.com/2017/05/15/chinas-national-champions-state-support-makes-chinese-companies-dominant/
(2) https://www.state.gov/reports/2019-investment-climate-statements/china/
(3) https://link.springer.com/article/10.1057/s41291-019-00084-0
(4) https://www.cnn.com/2021/04/10/tech/alibaba-china-record-fine/index.html
(5) https://www.globaltimes.cn/page/202104/1222504.shtml
(6) https://www.cnsnews.com/news/article/terence-p-jeffrey/usa-has-run-annual-trade-deficits-41-straight-years
(7) https://worldpopulationreview.com/country-rankings/us-trade-deficit-by-country
(8) https://www.thoughtco.com/history-of-the-us-balance-of-trade-1147456
(9) https://www.bloomberg.com/news/articles/2018-01-30/most-foreign-companies-feel-less-welcome-in-china-amcham-says
(10) https://www.wsj.com/articles/u-s-firms-feel-less-welcome-in-china-1409624607
(11) https://www.nytimes.com/2014/08/01/business/international/weak-links-in-chinas-food-chain.html
(12) https://www.nytimes.com/2014/07/24/business/international/food-safety-in-china-still-faces-big-hurdles.html
(13) https://blog.hiddenharmonies.org/2012/02/29/stan-abrams-of-china-hearsay-a-case-of-pathological-bia/
(14) https://www.chinamoneynetwork.com/2011/11/13/stan-abrams-progress-seen-on-chinas-anti-monopoly-law
(15) https://news.yahoo.com/news/nikes-profit-decline-china-stunning-004732723.html
(16) https://www.wsj.com/articles/nike-target-of-complaints-in-chinas-annual-consumers-forum-1489600425
(17) https://www.bbc.com/news/business-29274822
(18) https://www.theguardian.com/business/2014/may/28/serious-fraud-office-investigates-glaxosmithkline
(19) https://uk.news.yahoo.com/gsk-victim-china-graft-130312678.html
(20) If You Do It, It's Spying. If I Do It, It's Research
https://www.moonofshanghai.com/2020/08/blog-post_45.html
(21) http://www.killercoke.org/downloads/spilling-blood-11_11_03.pdf
(22) A Cautionary Tale About the WHO – May 10, 2020
https://www.moonofshanghai.com/2020/05/a-cautionary-tale-about-who.html
(23) https://mattbell.org/mrna-vaccine-blocks-protein-that-helps-formation-of-human-placenta
(24) https://fromthetrenchesworldreport.com/head-of-pfizer-research-covid-vaccine-is-female-sterilization/277390
A fonte original deste artigo é The Saker Blog
Copyright © Larry
Romanoff, Moon of Shanghai, Blue Moon
of Shanghai, 2021
Tradutora: Maria Luísa de Vasconcellos
Email: luisavasconcellos2012@gmail.com